quarta-feira, 1 de junho de 2011

7º fichamento


Charles Darwin: um observador do desenvolvimento humano
Reconhecido como geólogo e naturalista, sentia que tinha uma reputação a zelar. Gozava da estima pública, era considerado pela comunidade científica internacional e temia que a publicação de suas conclusões sobre a "transmutação da vida", teoria claramente concebida em 1839, o ligassem aos ateístas, socialistas e materialistas. Descrevia suas ideias, aos amigos fiéis, como "um crime".
Em 1851, já abalado pelo falecimento do pai, viu suas crenças num universo justo e moral ruir com a morte precoce de sua muito amada filha mais velha, Annie. Seu cristianismo, que já vinha sendo colocado à prova pela suas viagens, suas observações e seus estudos, desmoronou totalmente e ele assumiu sua descrença.
Concomitantemente, ares mais liberais começavam a soprar sobre a Inglaterra vitoriana, com uma legião de novos cientistas decididos a construir uma ciência livre e independente, desvinculada dos dogmas religiosos. Influenciado pelos novos ares, Darwin decidiu começar a escrever seu "Ensaio preliminar" (14 de março de 1856), adiando a decisão sobre sua publicação.
Origins of Species veio a público em 1859, após 13 meses e dez dias de escrita intensiva (Darwin, 2000) e vinte anos de observações, reflexões, silêncio e tormentos, com pequenas sugestões sobre as origens do homem. Os 1.500 exemplares da primeira edição esgotaram-se rapidamente, novas edições foram providenciadas e em pouco tempo seu livro foi traduzido para mais de seis idiomas, ganhando o público leigo, as ruas e as salas de visitas, sendo discutido e debatido por naturalistas e intelectuais.
Já seguro do crescimento da liberalidade inglesa e constatando a aceitação de sua teoria sobre a evolução das espécies, Darwin organizou suas notas e publicou, em 1871 "Descendência do homem e a seleção sexual", um tratado sobre a origem do homem, a seleção sexual, as leis da variação e da hereditariedade. Fazia parte do projeto deste livro um pequeno ensaio que, ao ser organizado, tornou-se um outro livro, igualmente extenso A expressão das emoções no homem e nos animais, publicado em 1872. Desta forma, a obra de Darwin, após The Origins of Species irá gradualmente se concentrar sobre a origem do homem e sobre a evolução da mente, do comportamento e das emoções, tanto do homem como de outros animais próximos do humano (Ruse, 2009).
Ao atentar de forma científica para a natureza evolutiva do comportamento, Darwin chamou a atenção para o fato de que comportamentos e padrões motores são características tão confiáveis e conservadas nas espécies quanto os órgãos e músculos, devendo ser submetidos às mesmas leis de transmissão hereditária, seleção e mutação.
No artigo por nós traduzido, Darwin utiliza-se de anotações de observações de seus filhos pequenos, especialmente seu filho mais velho, William Erasmus (Doddy). Estudando o filhote humano, a partir de seu enfoque naturalista, Darwin descreve os primeiros indicativos comportamentais de emoções tais como raiva e medo, curiosidade e senso moral, o brincar e o prazer envolvido nesta atividade, a capacidade de imitação e os primeiros indícios daquilo que hoje conhecemos como teoria da mente. Colocando-se questões sobre as capacidades do bebê, como eles aprendem e como se comunicam, e levantando hipóteses sobre possíveis significados de certos comportamentos, questões ainda hoje fundamentais para o estudo do desenvolvimento humano, o artigo "Um esboço biográfico de uma criança pequena" demonstra o pioneirismo deste grande cientista no estudo do bebê e da criança pequena, numa época na qual as capacidades dos bebês eram extremamente subestimadas e desconsideradas.
Charles Darwin faleceu em 19 de abril de 1882, aparentemente de ataque cardíaco. Considerado o maior cientista inglês desde Isaac Newton, foi enterrado na célebre Abadia de Westminster.

Nenhum comentário:

Postar um comentário