quarta-feira, 1 de junho de 2011
10º fichamento artigo cientifico
A estrutura histórico-conceitual dos programas de pesquisa de Darwin e Lamarck e sua transposição para o ambiente escolar
O presente trabalho tenta estabelecer uma complementaridade teórica entre uma abordagem epistemológica - a metodologia dos programas de pesquisa de Lakatos - e uma psicológico-cognitivista - a teoria dos campos conceituais de Vergnaud - objetivando a compreensão dos programas de pesquisa lamarckiano e darwiniano em seus respectivos campos de validade. Através da análise da estrutura histórico-conceitual dos dois programas e sua transposição para o ambiente escolar, são constatados e discutidos problemas nos livros didáticos de Biologia e na pesquisa atual sobre o conceito de Evolução entre alunos de diversos níveis escolares. Como resultado destas reflexões é apontada a teoria dos campos conceituais como um instrumento analítico frutífero do processo de conceitualização dos sujeitos diante de situações envolvendo processos evolutivos.
9ºpostagem
As teorias de Lamarck e Darwin nos livros didáticos de Biologia no Brasil
A teoria da evolução orgânica do ponto de vista da sua transposição didática, isto é, a transformação do "saber dos sábios", em seu locus de produção, em saber pronto para ser ensinado em contexto escolar (CHEVALLARD, 1985), constitui um dos temas mais controversos da Biologia. De fato, o conceito de evolução mostra-se permeado por obstáculos epistemológicos, de fundo ideológico, filosófico e teológico (BACHELARD, 1996), o que torna sua abordagem em contexto de sala de aula particularmente difícil, tanto no ensino, por parte dos professores, quanto na aprendizagem, por parte dos estudantes. Deve-se enfatizar que a compreensão dos processos evolutivos tem um papel central na conceitualização de todos os temas da Biologia (ALMEIDA, 2007).
Por outro lado, é frequente, nos livros didáticos de Biologia adotados no Brasil, a abordagem do tema como concluído, desprovido de contextualização histórica para a compreensão, por parte dos alunos, de como os conceitos foram desenvolvidos ao longo do tempo.
Jean Baptiste Antoine de Monet de Lamarck (1744-1829) desenvolveu a sua teoria transformista em diversas obras ao longo do tempo, entre as quais: Recherches sur l'organisation des corps vivants (1800); Philosophie zoologique (1809); Histoire naturelle des animaux sans vertèbres (1815), além de palestras e discursos, tais como: Discours d'overture: An VIII (1800), An IX (1801), An X (1802) e An XI (1803) (MARTINS, 1997).
A sua teoria foi desenvolvida numa das épocas mais revolucionárias da história da humanidade, tanto em termos políticos quanto intelectuais: a época da Revolução Francesa. Esse contexto muito provavelmente contribuiu para a ousadia de suas conjecturas (ALMEIDA, 2007; ALMEIDA; DA ROCHA FALCÃO, 2005).
Embora o objetivo central de Lamarck não fosse a evolução orgânica e nem tampouco a origem das espécies, a sua teoria é considerada, pelos historiadores da Biologia, como a primeira explicação sistemática da evolução dos seres vivos. Ele pode ser considerado o fundador do transformismo (CORSI, 1994).
Segundo Martins (1998), a ideia da "progressão" das espécies começou a aparecer nas diferentes obras de Lamarck, a partir de 1800. De acordo com essa ideia, para que ocorresse a variação das espécies, haveria a necessidade de mudanças nas circunstâncias a que os animais estavam expostos durante um período de tempo considerável. Todo esse processo seria regido pelas quatro leis: 1) A tendência para o aumento da complexidade: A vida, pelas suas próprias forças, tende continuamente a aumentar o volume de todo o corpo que a possui, e a estender as dimensões de suas partes, até um limite que lhe é próprio. Esta lei indica que existe um aumento progressivo da complexidade e aperfeiçoamento. Lamarck acreditava na existência de um poder inerente à vida, dotado de uma tendência para o aumento da complexidade. Ele procurou fundamentar esta lei com dois tipos de fatos: um observável e outro não. O fato observável era uma comparação feita entre o estado de um animal em sua origem com o que se encontrava no fim da sua vida, e o não observável, era uma relação existente entre o aumento da complexidade na escala animal, dos invertebrados mais simples ao homem, e o aumento das faculdades dos corpos vivos na evolução histórica das espécies; 2) O surgimento de órgãos em função de necessidades que se fazem sentir e que se mantêm: a produção de um novo órgão em um corpo animal resulta de uma nova necessidade que surgiu e que continua a se fazer sentir e de um novo movimento que essa necessidade faz nascer e mantém. Isto era bem mais difícil de conceber do que o desenvolvimento de um órgão que já existe. Esta mesma ideia apareceu em diversas de suas publicações, ora com o status de lei, ora como proposição, ora como uma "consideração importante"; 3) O desenvolvimento ou atrofia de órgãos como função do seu emprego: o desenvolvimento dos órgãos e sua força de ação estão em relação direta com o emprego desses órgãos. Esta seria a famosa "lei do uso e desuso", que teve a sua formulação mais completa no seu Discours d´ouverture de 1806. Para exemplificar esta lei, entre outros exemplos, Lamarck citou o famoso exemplo do alongamento do pescoço das girafas, dando origem à má interpretação e descrições equivocadas da sua teoria; 4) A herança do adquirido: Tudo o que foi adquirido, traçado ou mudado na organização dos indivíduos, no decorrer de sua vida, é conservado pela geração e transmitido aos novos indivíduos que provêm daqueles que experimentaram essas mudanças. Desde que essas mudanças adquiridas sejam comuns aos dois sexos, ou àqueles que produziram esses novos indivíduos. Ao contrário da lei "do uso e desuso", que foi apresentada com um grande número de exemplos, Lamarck expôs esta lei rapidamente, não julgando que ela merecesse uma maior atenção. Por ironia, diversas vezes, a sua teoria tem sido reduzida nos termos desta formulação. Segundo Martins (1997), esta ideia não era original e vinha sendo aceita desde a antiguidade, tendo aparecido com Hipócrates e muitos naturalistas antes de Lamarck, até em Spencer e no próprio Darwin.
O contexto histórico das teorias de Lamarck e Darwin permite-nos compreender que os dois programas de pesquisa, nos seus campos de validade temporal, se caracterizaram por áreas teóricas comuns não descontínuas, de onde emergiram historicamente tradições de pesquisa diferentes. A ruptura teórica se deu entre o lamarckismo e o neodarwinismo, que está muito distante do darwinismo original de Darwin (ALMEIDA, 2007).
As atuais controvérsias da evolução há muito não incidem mais sobre o lamarckismo e o darwinismo. Se, por um lado, a evolução ascendeu à condição de paradigma teórico dominante da Biologia, por outro, restaram algumas questões relevantes e não esgotadas, como: o verdadeiro papel da seleção natural no processo evolutivo, a explicação do surgimento das espécies, o papel das teorias epigenéticas da evolução, o problema da mudança evolutiva sob uma perspectiva centrada na auto-organização, isto é, na Biologia evolutiva do desenvolvimento (Evo-Devo), a sociobiologia e o debate entre o neodarwinismo e o chamado "criacionismo científico". Isto nos permite concluir que, do ponto de vista lakatosiano, o programa de pesquisa neodarwinista entrou em crise há algumas décadas. Nessa ordem de ideias, embora as teorias do seu núcleo firme não tenham sido ainda questionadas, as teorias e hipóteses do seu cinturão protetor estão sob intenso questionamento empírico e teórico, sendo o gradualismo contínuo dos processos evolutivos, por exemplo, alvo de críticas dos defensores da perspectiva do equilíbrio pontuado .
8º fichamento
O conceito de natureza em A origem das espécies
A questão motriz em A origem das espécies por seleção natural é para Charles Darwin, a tentativa de lançar alguma luz sobre o mistério da origem das espécies, mostrando como isso ocorre. Ao analisar a obra, deparamo-nos com uma dada visão de natureza que sustenta e esclarece nossa busca. Neste artigo, examinaremos essa visão e seus significados epistemológico e ontológico para a investigação a que Darwin se propõe. Em que medida foi importante para a sustentação de sua tese de que a seleção natural é o mais importante — ainda que não exclusivo — meio de modificação, o poder de mudança predominante, o princípio da natureza segundo o qual novas espécies se originam. Ao analisar as definições e múltiplas conotações existentes para 'natureza' no livro, encontramos uma necessária articulação entre natureza e seleção natural, visível na concepção darwiniana de luta pela existência e refletida na estrutura lógico-conceitual da obra.
7º fichamento
Charles Darwin: um observador do desenvolvimento humano
Reconhecido como geólogo e naturalista, sentia que tinha uma reputação a zelar. Gozava da estima pública, era considerado pela comunidade científica internacional e temia que a publicação de suas conclusões sobre a "transmutação da vida", teoria claramente concebida em 1839, o ligassem aos ateístas, socialistas e materialistas. Descrevia suas ideias, aos amigos fiéis, como "um crime".
Em 1851, já abalado pelo falecimento do pai, viu suas crenças num universo justo e moral ruir com a morte precoce de sua muito amada filha mais velha, Annie. Seu cristianismo, que já vinha sendo colocado à prova pela suas viagens, suas observações e seus estudos, desmoronou totalmente e ele assumiu sua descrença.
Concomitantemente, ares mais liberais começavam a soprar sobre a Inglaterra vitoriana, com uma legião de novos cientistas decididos a construir uma ciência livre e independente, desvinculada dos dogmas religiosos. Influenciado pelos novos ares, Darwin decidiu começar a escrever seu "Ensaio preliminar" (14 de março de 1856), adiando a decisão sobre sua publicação.
Origins of Species veio a público em 1859, após 13 meses e dez dias de escrita intensiva (Darwin, 2000) e vinte anos de observações, reflexões, silêncio e tormentos, com pequenas sugestões sobre as origens do homem. Os 1.500 exemplares da primeira edição esgotaram-se rapidamente, novas edições foram providenciadas e em pouco tempo seu livro foi traduzido para mais de seis idiomas, ganhando o público leigo, as ruas e as salas de visitas, sendo discutido e debatido por naturalistas e intelectuais.
Já seguro do crescimento da liberalidade inglesa e constatando a aceitação de sua teoria sobre a evolução das espécies, Darwin organizou suas notas e publicou, em 1871 "Descendência do homem e a seleção sexual", um tratado sobre a origem do homem, a seleção sexual, as leis da variação e da hereditariedade. Fazia parte do projeto deste livro um pequeno ensaio que, ao ser organizado, tornou-se um outro livro, igualmente extenso A expressão das emoções no homem e nos animais, publicado em 1872. Desta forma, a obra de Darwin, após The Origins of Species irá gradualmente se concentrar sobre a origem do homem e sobre a evolução da mente, do comportamento e das emoções, tanto do homem como de outros animais próximos do humano (Ruse, 2009).
Ao atentar de forma científica para a natureza evolutiva do comportamento, Darwin chamou a atenção para o fato de que comportamentos e padrões motores são características tão confiáveis e conservadas nas espécies quanto os órgãos e músculos, devendo ser submetidos às mesmas leis de transmissão hereditária, seleção e mutação.
No artigo por nós traduzido, Darwin utiliza-se de anotações de observações de seus filhos pequenos, especialmente seu filho mais velho, William Erasmus (Doddy). Estudando o filhote humano, a partir de seu enfoque naturalista, Darwin descreve os primeiros indicativos comportamentais de emoções tais como raiva e medo, curiosidade e senso moral, o brincar e o prazer envolvido nesta atividade, a capacidade de imitação e os primeiros indícios daquilo que hoje conhecemos como teoria da mente. Colocando-se questões sobre as capacidades do bebê, como eles aprendem e como se comunicam, e levantando hipóteses sobre possíveis significados de certos comportamentos, questões ainda hoje fundamentais para o estudo do desenvolvimento humano, o artigo "Um esboço biográfico de uma criança pequena" demonstra o pioneirismo deste grande cientista no estudo do bebê e da criança pequena, numa época na qual as capacidades dos bebês eram extremamente subestimadas e desconsideradas.
Charles Darwin faleceu em 19 de abril de 1882, aparentemente de ataque cardíaco. Considerado o maior cientista inglês desde Isaac Newton, foi enterrado na célebre Abadia de Westminster.
6º fichamento
Os dinossauros de Hennig: sobre a importância do monofiletismo para a sistemática biológica
Imagine um almoço em família, pai, mãe e irmãos sentados à mesa à espera do prato principal: um suculento assado de dinossauro, recheado com azeitonas e acompanhado de batatas douradas e arroz. Essa cena seria perfeitamente cabível em um filme, um desenho animado como os Flinstones, ou na literatura (por exemplo, "O mundo perdido", de sir Arthur Conan Doyle). Faz parte do senso comum o reconhecimento de que os dinossauros já estavam extintos muito antes do aparecimento do primeiro primata - não há registros fósseis desses "lagartos terríveis" desde o final do Cretáceo, último período geológico do Mesozóico, findado há aproximadamente 65 milhões de anos. Não havia mamíferos de grande porte nessa época e os poucos encontrados assemelham-se a diminutos camundongos. A cena, entretanto, é real e corriqueira, especialmente considerando as reuniões familiares de domingo.
A solução do aparente paradoxo temporal proposto acima começa com a delimitação do grupo biológico considerado, que se apóia nos fundamentos da teoria da evolução de Charles Darwin (1858, 1859) e Alfred Russel Wallace (2003 [1858]) e na sistemática filogenética de Willi Hennig (1950, 1965, 1966). O grupo Dinosauria é composto pelo ancestral comum mais recente dos grandes "répteis terríveis", juntamente com todos os seus descendentes. Entre os descendentes dessa linhagem, que inclui animais como o Tyranossaurus, o Velociraptor, o Stegosaurus, o Galimimus e o Microraptor, estão também o Archaeopteryx e todas as demais aves, das extintas às recentes (cf. Dingus & Rowe, 1998; Brochu, 2001). Estudos de biologia comparada mostram que as aves correspondem a um grupo derivado de um outro grupo de répteis terópodes, aqueles pequenos dinossauros bípedes e leves, cujas reconstituições em filmes, tais como "Parque dos dinossauros", remetem a emas ou avestruzes locomovendo-se com rapidez. Assim, pombos, galinhas, maritacas, papagaios e ararinhas-azuis, mais do que descendentes de dinossauros, são eles próprios componentes do grupo - aves nada mais são do que dinossauros que sobreviveram à extinção do Cretáceo-Terciário, marcadora do final do Mesozóico (cf. Benton, 1995). Seguindo esse raciocínio, portanto, não se pode considerar os Dinosauria como um grupo extinto de animais. Algumas das suas espécies foram realmente engolidas pelo tempo e não podem mais ser encontradas. Outras, no entanto, compartilham ancestrais com grupos que permanecem na biota atual.
Organizar e classificar são atividades comuns na vida humana, presentes desde a disposição de livros em uma estante de biblioteca até a delimitação de correntes de pensamento e seus seguidores, passando pela tabela periódica dos elementos químicos e pelas listas de classificação dos campeonatos de futebol. Na biologia, a ciência da classificação é chamada "sistemática". Ela reúne o estudo da diversidade orgânica e dos aspectos históricos da evolução, com base em métodos e práticas de descrição, nomenclatura e organização da diversidade dos organismos viventes e extintos.
Não há como estabelecer com exatidão a cronologia da sistemática desde sua origem até os tempos atuais, posto que a atividade se confunde com o próprio desenvolvimento da linguagem, do conhecimento e do pensamento humano (cf. Nelson & Platnick, 1981; Mayr, 1982). Em linhas gerais, pode-se depreender que o início da sistemática deu-se com o desejo do homem de sumarizar a informação da diversidade biológica que ele podia observar, delimitando classes para este ou aquele grupo de organismos, e identificar entre esses grupos quais tinham existência real (e, portanto, poderiam ser considerados grupos naturais de fato) e quais não passavam de criação da sua própria mente (os grupos não-naturais ou artificiais). Parece claro que existem características em comum que permitem reunir sapos, peixes, gatos e corujas (afinal, todos têm vértebras), mas o que dizer de um grupo formado por baleias, tubarões, insetos aquáticos, vitórias-régias, águas-vivas e arqueobactérias extremófilas? Apesar de todos esses organismos apresentarem ao menos parte dos seus ciclos de vida na água, não há nenhum tipo de conexão ou relação natural entre todos os seus componentes que possibilite considerá-los um grupo real, além daquela óbvia que mostra que todos são seres vivos. É esse o maior problema e o objetivo central de qualquer estudo em sistemática biológica (cf. Nelson & Platnick, 1981; Mayr, 1982; Hull, 1988; Rieppel, 2005). De Aristóteles a Hennig, entremeados por Caesalpino, Buffon, Linnaeus, Lamarck, Darwin, Wallace, Mayr, Simpson e muitos outros, sempre se buscou criar maneiras de organizar o conhecimento da diversidade biológica de forma a representar algum tipo de afinidade natural entre os componentes dos grupos criados.
5º fichamento
Instinto e razão na natureza humana, segundo Hume e Darwin
O interesse principal desta discussão é examinar alguns pontos de semelhança conceitual entre David Hume e Charles Darwin, no que toca a alguns temas da teoria do conhecimento, muito particularmente aquele que diz respeito à manifestação de certos poderes ou capacidades da mente humana para o conhecimento das regularidades naturais. Pode-se, desse modo, fazer uma discussão da filosofia de Hume integrada ao debate epistemológico contemporâneo ou, no mínimo, fazer uma leitura contemporânea da filosofia de Hume. Estamos, obviamente, pensando aqui na corrente denominada desde há alguns anos de epistemologia evolutiva, que tem declaradamente a obra de Darwin e o darwinismo, em um panorama mais amplo, como a sua maior fonte de inspiração.
Uma das propostas recentemente formuladas para explicar o conhecimento, que faz uso proveitoso do sucesso dos métodos investigativos empregados nas ciências particulares, é conhecida como epistemologia evolutiva,1 ou epistemologia da seleção natural, que se desenvolve a partir de uma consideração atenta de certas realizações importantes da ciência moderna, principalmente da teoria da evolução por seleção natural desenvolvida no século xix por Charles Darwin. E uma das principais feições desta epistemologia é a de considerar a seleção natural como um modelo de explicação fundamental para a compreensão do caráter e do relativo sucesso nas diversas tentativas de produzir conhecimento.
Muitos autores nas últimas décadas têm-se dedicado a pesquisar o conhecimento nos moldes oferecidos pela epistemologia evolutiva. Podemos mencionar aqui a obra de Karl Popper (1959, 1975), Donald Campbell (1974), Michael Ruse (1986, 1995) e David Hull (1975), como referências na pesquisa sobre o tema, o qual atingiu tal diversidade que podemos falar, sem receio, de versões diferentes do que seria a epistemologia evolutiva. De modo geral, uma caracterização bastante aceita seria aquela feita por Donald Campbell:
Uma epistemologia evolutiva será, no mínimo, uma epistemologia que toma a cognição como compatível com o estatuto do homem como um produto da evolução biológica e social [...]. Uma tal epistemologia tem sido negligenciada nas tradições filosóficas dominantes"
Charles Darwin, em sua obra A origem das espécies (1859), desenvolveu uma complexa estrutura argumentativa, combinando relatos de observações com hipóteses e suas conseqüências. Como ele mesmo afirmou em sua conclusão, "todo este volume é um longo argumento" (Darwin, 1952 [1859], p. 230), cuja intenção é convencer a comunidade intelectual de seu tempo de duas concepções fundamentais da história da vida.
As duas concepções que Darwin pretendeu provar em seu livro são, primeiro, a de que as diversas espécies atuais descendem de umas poucas outras espécies que existiam no passado, ou seja, de que as espécies podem evoluir, dando origem a novas espécies distintas. E segundo, que a explicação para este fenômeno é o mecanismo de reprodução com variação e sobrevivência do mais adaptado, chamado por ele e pela posteridade de seleção natural (cf. Gould, 1999).
Como resultado dos processos de reprodução dos seres vivos, deve haver competição por alimento, espaço e outros recursos. Nessa competição, qualquer pequena variação favorável representa uma melhor adaptação, e uma melhor chance de perpetuação do ser vivo. Darwin foi original ao compreender que o princípio de luta pela vida pode não ser somente uma força limitadora, mas também uma força mantenedora da estabilidade dos seres e reuniu suas conclusões em um longo argumento, que muitos autores comparam com uma "demonstração geométrica" (Flew, 1978, p. 8). Muito mais que isso, Darwin entendeu que o processo de crescente variedade e imensa diversidade observada no mundo natural pode ter o próprio princípio de seleção como sua causa. Ele tentou reunir o maior número de dados de que foi capaz, incluindo informações sobre o registro geológico da Terra, e dar a esses dados uma explicação compatível com sua hipótese fundada na seleção natural.
O que se pode tirar como conclusão, entre outras coisas, é que, enquanto historiador natural, Darwin mantém idéias epistemológicas da tradição corrente em sua época, dentre as quais não se encontrava o naturalismo epistemológico de Hume. O pensamento de Hume é nitidamente uma reação à corrente tradicional que considerava a razão especulativa como o principal elemento na produção do conhecimento. A teoria do hábito como formador das crenças causais não tinha sido reconhecida, de maneira ampla, pela comunidade intelectual de que Darwin fazia parte,2 muito embora se possa conjeturar que o autor de A origem das espécies seria simpático à interpretação naturalista que se tem feito mais atualmente da teoria humeana do conhecimento – sobretudo a respeito do conhecimento basear-se em princípios naturais.
Independentemente do que se possa conjeturar, diversos estudiosos utilizaram a pesquisa de Darwin como um panorama conceitual a partir do qual entender a teoria do conhecimento, em sua relação com a seleção natural. O lugar do homem no mundo natural, tal como Darwin pretendia vê-lo, foi, assim, o ponto de partida declarado de muitas das atualmente denominadas epistemologias evolutivas, ou da seleção natural. Fora isso, a interpretação exclusivamente biológica da seleção natural, frente a uma mais ampla interpretação cosmológica, ainda é um ponto de controvérsia. Parece que o próprio Darwin não pretendia ser tão rígido a esse respeito, visto que não nega expressamente, em nenhum momento, a possibilidade de se aplicar a seleção natural a outros domínios. Pelo contrário, é possível que Darwin entrevisse a aplicabilidade do modelo de seleção natural para a explicação de questões fora do assunto das espécies vivas.
4º fichamento artigocientifico
Os modos da teleologia em Cuvier, Darwin e Claude Bernard
Como Russell (1916, p. 34) tem sublinhado, e apesar de que, conforme acabamos de ver, a formulação do princípio das condições de existência aluda, de certo modo, ao entorno dos organismos (cf. Grimoult, 1998, p. 15; Lopez Piñero, 1992, p. 23), as condições externas de existência, o ambiente, não são fatores muito considerados no pensamento de Cuvier. Nas análises funcionais das estruturas anatômicas que encontramos em seus textos, o entorno nunca chega a ser um entorno ecológico concreto, mas qualquer coisa genérica como podem ser um meio aquático ou terrestre, ou uma dieta herbívora ou carnívora.
Por isso, e indo um pouco além de Russell (1916, p. 43; 1948, p. 286 n.), podemos dizer que Darwin não somente fez um uso restritivo da noção de condições de existência, mas acabou também por desvirtuar essa noção. Em A origem das espécies, na única referência que se faz ao princípio formulado por Cuvier, a expressão em questão é usada como equivalente a condições do ambiente (Darwin, 1859, p. 206). No entanto, para Cuvier, as condições de existência têm a ver, antes de mais nada, com a condição de possibilidade de um ser vivo considerado em si mesmo como um todo coerente e harmônico, ou organizado; e isso se faz evidente quando, num pequeno escrito sobre as analogias zoológicas (cf. Coleman, 1964, p. 189-90), a idéia de condições de existência aparece vinculada à idéia de não-contradição: "todas as combinações que são não-contraditórias são possíveis; em outras palavras, tudo aquilo que tem uma condição de existência, cujas partes cooperam numa ação comum, é possível."
Darwin, de sua parte, "tomou a expressão 'condições de existência' para significar as 'condições ambientais' e considerou a lei das condições de existência como a lei da adaptação ao ambiente" (Russell, 1916, p. 239). Mas, como o próprio Russell aponta, não era isso o que Cuvier entendia por tais expressões: em O reino animal, elas são introduzidas para aludir à "coordenação das partes na formação do todo" (cf. Lenoir, 1982, p. 63). Para Darwin, no entanto, as condições de existência, que ele torna homólogas das condições de vida, têm somente a ver com as contingências da luta pela sobrevivência.
Voltamos assim a nossa oposição inicial entre as duas teleologias: a de Kant ou Bernard, e a de Darwin. Porém, ao fazer isso, não podemos deixar de notar algo que tem a ver com o modo pelo qual se vinculam ambas as formas de adequação a fim. Referimo-nos, especificamente, ao fato de que, dentro da biologia contemporânea, a teleologia darwiniana é, em certo sentido, o fundamento ou a razão de ser da teleologia intra-orgânica. É que, mesmo sem esquecer que o fisiólogo e o biólogo funcional não precisam, em geral, nem da idéia de seleção natural, nem da idéia de um projeto divino para dizer que a função do coração é bombear o sangue;3 se nos perguntamos sobre como é possível que existam seres cujas partes ou totalidade sejam meios e fins ao mesmo tempo, talvez, a única forma, permitida pela ciência atual, de levantar e responder essa pergunta seja aquela proposta por Darwin.
3º fichamento artigo cientifico
O salto qualitativo em Theodosius Dobzhansky: unindo as tradições naturalista e experimentalista'.
Em alta durante quase todo o século XIX, o prestígio dos naturalistas caiu nas últimas décadas do mesmo século, na medida em que o enfoque dos estudos biológicos transitava do histórico para o funcional. A redescoberta dos trabalhos de Mendel, em 1900, e a emergência da genética aceleraram este processo, onde a atividade do experimentalista substituía a anterior. Ao mesmo tempo, o darwinismo também declinava e os primeiros anos do século XX caracterizam o chamado "eclipse do darwinismo". Theodosius Dobzhansky, russo radicado nos Estados Unidos a partir de 1927, é o pesquisador que irá reunir as duas tradições, a naturalista e a experimentalista. No desempenho de suas atividades, ele realiza um verdadeiro salto qualitativo nos estudos de evolução em populações naturais, que pela primeira vez podem ser efetuados através do método experimental, auxiliados por um rigoroso planejamento teórico. Este artigo narra algumas etapas desta história.
2º fichamento artigo cientifico
As características morfológicas definidas pelo processo de crescimento e desenvolvimento craniofacial são, na sua grande maioria, dependentes de componentes genéticos e ambientais. A importância de cada um desses componentes é variável, dependendo da característica em questão, sendo que a influência genética pode ser mais importante para algumas, enquanto a ambiental para outras. Por isso, é imprescindível que o cirurgião-dentista clínico atualizado tenha conhecimento das bases da Genética Humana para poder acompanhar seus progressos, atuais e futuros, tanto na área clínica investigativa quanto em pesquisas moleculares realizadas em laboratórios. Desta maneira será possível ter um maior poder de discernimento quanto às reais possibilidades de contribuição dos avanços dessa área em sua clínica diária. Sendo assim, o objetivo específico deste trabalho é fazer uma revisão dos principais conceitos e métodos em Genética Humana, com ênfase nos problemas de interesse odontológico, para que possa servir de fonte de informação para os ortodontistas interessados na área.
Os genes são regiões genômicas relacionadas, dentre outras funções, com a síntese de produtos protéicos. A região cromossômica onde se localiza um dado gene define um locus gênico, sendo que um conjunto de locus é denominado loci gênicos2. As enzimas, por exemplo, podem ser produtos diretos da ação gênica. Em muitos casos, um único gene é responsável pela seqüência de aminoácidos de uma dada enzima, o que define a estrutura e, conseqüentemente, a atividade da mesma. Cada aminoácido é definido por códons, que são seqüências específicas de três nucleotídeos dentre os quatro existentes (adenina, timina, guanina e citosina). O paralelismo entre os códons e os aminoácidos incorporados à proteína foi reconhecido na década de 60 e denominado de código genético. Substituições de nucleotídeos em regiões codificadoras do DNA levam ao surgimento de alelos, responsáveis pela variabilidade na seqüência de aminoácidos na enzima, o que pode levar a alterações na função da mesma, tendo como conseqüência, em alguns casos, o surgimento de doenças monogênicas.
Cabe agora identificar os genes envolvidos em condições específicas, sua variação na população e como eles interagem entre si e com outros fatores. A identificação e o conhecimento do funcionamento de todos os genes responsáveis pelas doenças hereditárias, assim como pelas características comuns, continuam a ser um dos maiores objetivos da Genética moderna1. Mesmo considerando o tamanho do genoma humano, espera-se que quase todos os genes relacionados às doenças monogênicas que ainda não foram identificados o sejam em breve. Para a maioria delas, as diferenças são qualitativas, como, por exemplo, no caso da anemia falciforme, onde os genótipos individuais para o dado locus gênico são facilmente identificados. Nesses casos, uma análise do tipo mendeliana é viável, onde o cálculo das probabilidades de transmissão de cada genótipo e, conseqüentemente, do fenótipo, pode ser obtido. As freqüências gênicas populacionais podem também ser estimadas, nesses casos, objetivando tanto o conhecimento epidemiológico per si, como também definições de práticas de políticas públicas.
Apesar das dificuldades, progressos na área têm permitido estimar que alterações herdadas em nossos genes
As características morfológicas, tais como as inúmeras medidas utilizadas para descrever a forma da face, da mandíbula e da maxila, são resultado de uma vasta rede de processos interativos, hierárquicos, bioquímicos e de desenvolvimento. Os genes são pleiotrópicos, pois são capazes de influenciar muitas características morfológicas. Dessa forma, uma mutação deletéria, apesar de produzir um único efeito ao nível molecular, pode resultar em uma síndrome repleta de anomalias morfológicas. A hierarquia reversa também existe, isto é, as características morfológicas geralmente dependem da ação de muitos genes diferentes16,24.
Ainda falta muito para que os mecanismos genéticos que envolvem o desenvolvimento dos distúrbios no processo craniofacial sejam totalmente esclarecidos, mas é fundamental que o cirurgião-dentista comece a se familiarizar com a nomenclatura específica da área e conheça os conceitos e princípios gerais que norteiam as novas técnicas laboratoriais de análises genéticas. Fontes de consulta como esta podem prover o leitor com esse conhecimento, capacitando-o a se aprofundar mais no tema em outras fontes mais específicas.
fichamento artigo cientifico
O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma das fruteiras tropicais de maior importância no Brasil e no mundo, sendo cultivado em diversos estados brasileiros. Bahia e Espírito Santo são os principais estados produtores no Brasil, responsáveis por 88% da produção nacional, estimada em 1,9 milhões de toneladas em uma área de cultivo de 36,6 mil hectares (IBGE, 2008). Todavia, pouco do que se produz é exportado.
Entre os fatores responsáveis por esta limitada exportação estão as doenças, principalmente as que ocorrem em pós-colheita. A podridão-peduncular é uma das principais doenças de pós-colheita. A doença é causada por um complexo de fungos, dentre os quais Phoma caricae-papayae, Colletotrichum gloesporioides, Lasiodiplodia theobromae, Alternaria alternata e Fusarium solani, são os mais comuns . A doença ocorre quando o fungo invade o fruto, após a colheita, através do pedúnculo cortado. Já foi constatada incidência de 100% de podridão-peduncular em frutos após a colheita (Liberato & Costa, 1997), quando na ausência de quaisquer medidas de controle.
A mancha-de-phoma, causada por Phoma caricae-papayae Punith. é considerada a segunda doença mais importante em pós-colheita no Brasil. O fungo é amplamente disseminado em regiões tropicais e a doença apresenta sintomas variados.
Foram realizadas duas avaliações, sendo a primeira no final de maio e a segunda no final de agosto de 2007. Avaliou-se a incidência e a severidade de mancha-de-phoma em folhas de mamoeiro. A incidência de folhas com sintomas de mancha-de-phoma foi obtida em percentagem pela relação entre o número de folhas com sintomas pelo número total de folhas. Para severidade de mancha-de-phoma avaliou-se a folha disposta imediatamente abaixo da folha com a primeira flor aberta, com o auxílio de escala diagramática proposta por Terra et al. (2008).
Para cada doença foram conduzidas análises de variâncias conjuntas, considerando época de avaliação como fonte de variação. As análises de variâncias foram realizadas utilizando-se o Programa SAS (SAS, 1992) e as médias dos genótipos foram comparadas pelo teste de agrupamento de Scott-Knott, a 0,05 de probabilidade utilizando-se o aplicativo SAEG (Euclides, 1983).
Considerando a incidência de folhas com mancha-de-phoma, avaliadas nos híbridos contidos no terceiro experimento, houve a formação de três grupos, as combinações 'Americano x Waimanalo' e 'Maradol x JS 12' estiveram, respectivamente, locadas nos dois grupos mais resistente (Tabela 2). Com base na avaliação da severidade da mancha-de-phoma, neste experimento, deve-se destacar os híbridos 'Calimosa x Sekati', 'Calimosa x Maradol' e 'Sekati x Caliman AM', com severidade de doença inferior a 2% (Tabela 2). Considerando as melhores combinações envolvendo cada genótipo testador em particular, destacam-se, as combinações 'Americano x Waimanalo' e 'Americano x São Mateus', ambas com menores severidades de mancha-de-phoma para o testador 'Americano'. Para o genótipo 'Maradol' todos os cruzamentos resultaram em híbridos resistentes. Já para o genótipo 'Sekati', as melhores combinações ocorreram com 'Caliman SG', 'Caliman G', 'Diva', 'JS 11', 'Sunrise Solo', 'Caliman GB' e 'Caliman AM'.
Visita a APAE
Em um dia de segunda feira 25/05/2011 acompanhados pelo professor francisco da disciplina de osp, fizemos uma vista a APAE de juazeiro do norte ao lado do campus saúde da faculdade leão sampaio. fomos muito bem recebidos pela coordenadora pedagogica que nos apresentou informações sobre a entedade.
Em seguida fomos conhecer o predio e o ambiente e como eram taratadas as pessoas que estavam ali, podemos de cara observar q era um ambiente muito agradavel para todos, por que apesar de tudo percebemos a felicidade em seus rostos. La eles faziam arterzanato, pintura, musica. eles ainda dispõem de uma clínica com fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia que auxiliam e prestam atendimento aos 180 alunos da escola e a outros portadores de necessidades especiais de fora.
Em seguida fomos conhecer o predio e o ambiente e como eram taratadas as pessoas que estavam ali, podemos de cara observar q era um ambiente muito agradavel para todos, por que apesar de tudo percebemos a felicidade em seus rostos. La eles faziam arterzanato, pintura, musica. eles ainda dispõem de uma clínica com fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia que auxiliam e prestam atendimento aos 180 alunos da escola e a outros portadores de necessidades especiais de fora.
Divulgando videos genética
- Ismael Moreira
http://ismaelluna.blogspot.com/2011/05/projeto-genoma-humano-atividade-6-da.html
-Almira Gonçalves
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-Ivens Garcia
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-Geraldo Filho
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-Cicera Amanda
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Maria Eloisa
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Loren Krsna
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Geovanderson frança:
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segunda-feira, 16 de maio de 2011
cancer e micro rnas
Câncer é uma doença genética complexa relacionada a alterações estruturais e de expressão gênica. Por quase três décadas, a carcinogênese tem sido atribuída a alterações nos oncogenes e genes supressores de tumor. No entanto, com a descoberta de genes que produzem transcritos de RNA não codificantes (ncRNA), ficou evidente a complexidade genômica do câncer, e há evidências que moléculas denominadas microRNAs (miRNA) podem funcionar como genes supressores de tumor e oncogenes.
Os miRNAs estão envolvidos em processos biológicos cruciais, incluindo desenvolvimento, diferenciação, apoptose e proliferação. Os miRNAs têm aproximadamente 20 a 22 nucleotídeos, e constituem uma classe de reguladores gênicos que foram identificados em plantas e animais. Eles regulam seu alvo de dois modos que dependem do grau de complementaridade entre o miRNA e o alvo. Primeiro, o miRNA que se liga com complementaridade perfeita ou quase perfeita a seqüências codificadores de mRNA, induzem a via de interferência de RNA (RNAi). As cópias de mRNA são clivadas através de ribonucleases no complexo miRISC (multiprotein RNAinduced-silencing complex), o que resulta na degradação do mRNA. O mecanismo de silenciamento genético mediado por miRNA foi encontrado em plantas, e também foi demonstrado em mamíferos. No entanto, acredita-se que a maior parte da interferência do miRNA ocorra por um segundo mecanismo regulatório que não envolve a clivagem dos alvos. O miRNA exerce seus efeitos regulatórios ao ligar-se por complementariedade imperfeira em regiões 3’ não traduzidas (UTRs) do RNAm-alvo, e portanto, inibem a expressão do gene de maneira pós-transcricional, aparentemente ao nível da tradução, por um complexo RISC que é semelhante, ou possivelmente idêntico ao usado na via de RNAi. Resultados recentes indicam que os miRNAs que têm complementaridade parcial com os alvos também podem induzir degradação do mRNA, mas não foi identificado se esta inibição precede a desestabilização dos genes-alvo.
A biogênese dos miRNAs envolve um complexo sistema protéico, que inclui membros da família argonauta, Pol II, e as RNase III Drosha e Dicer. Os miRNAs parecem ser transcritos através da RNA polimerase II, e são inicialmente RNA grandes chamados de pri-miRNAs. Os pri-miRNAs são processados no núcleo pela enzima RNase III (Drosha), e pela proteína dupla-fita (Pasha) em pré-miRNAs, com aproximadamente 70 nucleotídeos que dobram em estruturas com loops imperfeitos. O pre-miRNA é exportado ao citoplasma pelo transportador dependente de GTP, chamado exportin 5 e sofre um processamento adicional, no qual uma dupla fita de RNA com 22 nucleotídeos chamada miRNA duplex é cortada do pre-mi RNA hairpin por outra RNAse III (Dicer). O miRNA duplex é incorporado ao complexo RISC. A fita miRNA madura é mantida no complexo miRISC e regula negativamente os seus genes-alvo.
Há cerca de uma década, quando os miRNA foram inicialmente descritos, não foi dada a devida importância, provavelmente pois, o primeiro gene miRNA identificado, o lin-4, foi identificado no Caenorhabditis elegans. Atualmente, no entanto, centenas de miRNA foram identificados nos genomas de nematodos, moscas e humanos. Estima-se a existência de pelo menos 300 miRNAs (e podem ser mais de 1000) no genoma humano, o que significa entre 1% e 4% dos genes expressos, portanto, o miRNA é uma das maiores classes de reguladores gênicos. A maior parte do miRNA humano está localizado em introns. O miRNA restante fica situado longe de outros transcritos no genoma, entre os exons de genes não codificante ou entre as áreas 3’UTRs, ou estão agrupados em outros genes miRNA, incluindo um agrupamento no cromossomo 19 onde estão localizados 54 miRNAs. Muitos miRNAs são conservados de nematodos a humanos, o que significa que os miRNAs dirigem processos essenciais no desenvolvimento e manutenção do organismo.
O desafio atual é identificar os alvos que são regulados pelos miRNAs. Estudos apontam que um único complexo miRISC pode se ligar à mais de 200 genes-alvo, e estes alvos podem ter funções diversas, tais como fatores de transcrição, receptores e transportadores. Portanto, os miRNAs controlam a expressão de cerca de um terço do mRNA humano, e a deleção ou alteração na expressão pode contribuir para diversas doenças, incluindo o câncer.
Foi demonstrado que a expressão do Dicer é menor no câncer de pulmão, e esta redução foi relacionada com menor sobrevida após o tratamento cirúrgico. Como o Dicer está implicado na manutenção da heterocromatina e no silenciamento centromérico, redução nos níveis protéicos pode resultar em instabilidade genômica e no desenvolvimento neoplásico. Entretanto, em um experimento com células de camundongo, a ausência do Dicer não levou a aberrações na estrutura cromossômica, tão pouco a injeção de células com deficiência de Dicer no camundongo não levou ao desenvolvimento tumoral. O papel do Dicer na formação tumoral pode ser indireto e resultar na redução do miRNA no pulmão, onde exerce características de gene supressor de tumor.
As proteínas argonautas, que são componentes fundamentais do complexo RISC, também foram associadas a tumores. Três genes argonautas – AGO3, AGO1 e AGO4, agrupados no cromossomo 1 estão freqüentemente deletados no tumor de Wilms. A AGO1 é expressa em níveis elevados no pulmão e rim em desenvolvimento e, especialemente, nos tumores renais sem o gene WT1. Isto indica um papel do AGO1 na diferenciação destes tecidos durante a embriogênese.
A expressão de miRNA está correlacionada com vários tumores, os genes miRNA podem funcionar como supressores de tumores e oncogenes. Um estudo recente apontou que 50% dos miRNA estão localizadas em áreas do genoma, conhecidas como regiões frágeis (fragile sites). Estas regiões são locais preferenciais para trocas de cromátide, translocações, deleções, amplificações e integração plasmídeos e vírus associados ao câncer, tais como o HPV. Um exemplo é o mir-125b-1, homólogo ao lin-4 da C. elegans, que está localizado no 11q24, considerado uma região frágil que está deletada em um grupo de pacientes com tumores de mama, pulmão, ovário e colo uterino. Também foi descrito um paciente com leucemia linfoblástica de célula pré-B com uma inserção de pre-miRNA no locus da cadeia pesada da imunoglobulina.
Também foi relatado que miR-15a e miR-16-1 regulam negativamente BCL2, um gene anti-apoptose que, geralmente, está superexpressso em diversos tumores, incluindo leucemias e linfomas. Assim, a deleção ou redução na regulação do mir-15a e do mir-16-1 resultam em aumento na expressão de BCL2, promovendo leucemogênese e linfomogênese.
Níveis de miR-143 e miR-145 estão significativamente reduzidos em tumores colorreitais. Os precursores hairpin do miRNA são detectados em quantidades similares nos tecidos normais e tumores, o que indica que o processamento de mir-143 e mir-145 podem estar alterados em amostras tumorais.
Os miRNAs codificados pela família let-7 foram o primeiro grupo identificado de oncomirs que regulam a expressão de um oncogene, especificamente os genes Ras. As proteínas Ras são proteínas de membrana que regulam o crescimento celular e diferenciação. Entre 15% e 30% dos tumores apresentam mutações nos genes Ras, e mutações que resultam no aumento da expressão de Ras levam a transformação celular. Portanto, um miRNA que regula a expressão de proteínas oncogênicas pode alterar a taxa de proliferação celular. Experimentos in vitro com linhagem celular de adenoma de pulmão mostraram que let-7 pode inibir a proliferação celular, e assim pode ser utilizado para tratar câncer de pulmão.
O oncogene MYC, que codifica um fator de transcrição, está geralmente mutado ou amplificado em tumores humanos, e funciona como um regulador do crescimento celular – induzindo proliferação e apoptose. Parece haver uma relação próxima entre os miRNAs e o aumento da expressão de MYC, e isto leva ao desenvolvimento de neoplasias de células B. Por exemplo, uma leucemia de células B agressiva ocorre quando o MYC está translocado no locus mir-142i. Na linhagem celular de célula-B, que tem superexpressão de MYC, o miRNA miR-17-92 funciona como um supressor de tumor, porque sua expressão reduz a expressão de E2F1, e portanto, inibe a proliferação celular mediada por MYC.
O microarray é a técnica mais utilizada para avaliar o nível de expressão de miRNA. em amostras. Outros métodos utilizados envolvem o uso da citometria de fluxo bead-based; real-time PCR; miRAGE (análise SAGE). Com estas técnicas têm sido possível determinar “assinaturas” específicas de miRNA nos tecidos. Pesquisadores têm buscado classificar tumores de acordo com a expressão do miRNAs e definir marcadores de miRNA como fatores prognósticos.
O microarray miRNA e a citometria bead-based envolvem quatro passos principais: identificação do alvo, hibridização do DNA, coloração e detecção do sinal. No microarray 2,5 a 5ug de RNA é submetido a transcriptase reversa e após é realizada hibridização e coloração e leitura para medir a intensidade do sinal (abundância do miRNA). No método bead-based o RNA é fracionado em um gel de poliacrilamida, e recebe um “adaptador” em forma circular (bead) marcado com etiquetas fluorescentes, e na hibridização os círculos são marcadas com probes e ao final, a citometria de fluxo mede a intensidade do sinal (miRNA). No método bead-based, uma vez que a hibridização ocorre em solução e não em uma lâmina, proporciona uma alta especificidade.
Os padrões de expressão de poucos miRNAs (aproximadamente 200 genes) são necessários para classificar tumores. Foi desenvolvido um método baseado em citometria bead-based. Tumores originados de vários tecidos são agrupados com base no padrão de expressão dos miRNAs, o que resulta no agrupamento em linhagem embrionária. Por exemplo, tumores do endotélio, tais como, cólon, fígado, pâncreas e estômago são agrupados.
Os níveis de expressão de muitos genes apresentam grande variação. Estre traço, chamado de fenótipo de expressão gênica tem um componente herdado que foi demonstrado em estudos de agregação familiar. Em um estudo com microarray de células linfoblásticas foi identificado um grupo de genes com variação entre indivíduos, sendo que a variação entre indivíduos não relacionados foi de 3 a 11 vezes maior do que entre gêmeos monozigóticos, e a variação entre irmãos foi de 2 a 5 vezes maior do que entre irmãos. Estes dados sugerem que as diferenças genéticas entre indivíduos contribui para a variação na expressão de alguns genes.
Em razão da função dos miRNAs que tem como alvo várias proteínas, variações germinativas na expressão ou seqüências do miRNA podem predispor ao câncer ao afetar a expressão de genes supressores de tumor ou oncogenes.
Uma proporção significativa de indivíduos são membros de famílias que desenvolvem o mesmo tipo de câncer sem um padrão de herança Mendeliana, ou desenvolvem tipos distintos de câncer. Um exemplo, é a LLC familiar: ainda que mutações nos genes ATM e ARLTS1, além de alterações em miR-15a e miR-16 tenham sido identificadas, a maioria das famílias com LCC não tem genes identificadas.
Bibliografia
Bartel DP. MicroRNAs: genomics, biogenesis, mechanism, and function. Cell 2004;118:281-97.
Calin GA, Croce CM. MicroRNA signatures in human cancers. Nat Rev Cancer 2006;6:857-66.
Esquela-Kerscher A, Slack F. Oncomirs — microRNAs with a role in cancer. Nat Rev Cancer 2006; 6:259-69.
Mattick JS, Makunin IV. Non-coding RNA. Hum Mol Genet 2006;15:R17-29
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Gestação de sucesso : o papel do sistema imune da mãe na aceitação do feto. Ciência hoje
Uma molécula relevante : um "personagem" de grande importância para a manutenção de uma gestação de sucesso é o antigeno G leucocitario humano, conhecido pela sigla HLA-G essa molécula é codificada por genes integrantes do complexo de histocompatibiliadde principal do tipo I- esse complexo, conhecido pela sigla MHC, é um conjunto de genes que contem informações para a produção de proteínas capazes de apresentar antigenos às células do sistema imune. esse gene desempenham funções importantes na regulação do sistema imunologico.
revista ciência hoje
li na ch on-line que o daltonismo afeta 0,47% das mulheres caucasianas e tive dúvida, pois aprendi que o problema só a feta homens. quem errou ?
O que eu aprendi está errado.O gene que, mutado, causa o daltonismo fica no cromossomo x e se comporta como recessivo .Como os homens têm apenas um cromossomo x, herdado da mãe, se um individuo tiver a versão mutada desse gene, ele será daltônico. Já nas mulheres o daltonismo é muito mais raro porque, a principio, elas teriam que herdar cromossomos x com a versão mutada do gene tanto do pai quanto da mãe.
O que eu aprendi está errado.O gene que, mutado, causa o daltonismo fica no cromossomo x e se comporta como recessivo .Como os homens têm apenas um cromossomo x, herdado da mãe, se um individuo tiver a versão mutada desse gene, ele será daltônico. Já nas mulheres o daltonismo é muito mais raro porque, a principio, elas teriam que herdar cromossomos x com a versão mutada do gene tanto do pai quanto da mãe.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Reabilitação Oral
Reabilitação oral e estética dental
Visa restabelecer ou corrigir a forma, posicionamento e o equilibrio estético e funcional dos dentes.
Estética
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